sábado, 31 de março de 2007

ligeiro sentido de nós mesmos

saído do forno, quentinho, aprecie sem moderação, sem engasgar, porque alguns são estranhos, não querem parar, apenas descartam aquilo que querem continuar, vou navegando por águas agitadas, nunca mais verei tal porto, recobrir de desgosto essas retinas tão fatigadas, serei breve serei eu mesmo, um ponto de encontro entre um e nenhum, caso não queira, a viagem é ligeira, a companhia é ruim, só cabe mais um, sentir, bramir e ficar, sendo a pé, a cavalo, cortando ribanceiras, voa desejos, escurece e amanhece, é assim mesmo, um olhar quem dera, um inverno que passou, não mais seremos nós mesmos, já que a vida imita a arte, iremos sorrateiros, de pulo em pulo, até achar um contra-chão, silvos, sibilição, apenas um frêmito mais do que a pressa anuncia, somos fadados a permanecer encarcerados em nós mesmos, em teias provocadas, sem perceber, personagens de nós mesmos...

Paulo Guerra

Um comentário:

Márcia Lygia disse...

Afinal, quem sou eu? Estou resguardando o apenas ligeiro sentido de mim mesma até que consiga resgatá-lo...
Texto lindo,lindo,lindo mesmo...