Sentido - somente a arte nos redime (de nós mesmos)
um pouco mais um pouco menos para frente para trás qual lado o da direita o da esquerda para baixo para o alto onde iremos parar se faz todo sentido mesmo não fazendo sentido algum o diverso o anverso o reverso o adverso o inverso o controverso que revela pesar tomar sentido evidenciar ocultar a idéia o fim o entendimento as sensações em que posso me basear nas versalhadas nas versarias
terça-feira, 6 de maio de 2014
segunda-feira, 5 de maio de 2014
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Manoel de Barros
"Para compor um tratado sobre passarinhos
É preciso por primeiro que haja um rio com árvores
e palmeiras nas margens.
E dentro dos quintais das casas que haja pelo menos goiabeiras.
E que haja por perto brejos e iguarias de brejos
É preciso que haja insetos para os passarinhos.
Insetos de pau sobretudo que são os mais palatáveis.
A presença de libélulas seria uma boa.
O azul é muito importante na vida dos passarinhos
Porque os passarinhos precisam antes de belos ser eternos.
Eternos que nem uma fuga de Bach."
_______Manoel de Barros (Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo)
É preciso por primeiro que haja um rio com árvores
e palmeiras nas margens.
E dentro dos quintais das casas que haja pelo menos goiabeiras.
E que haja por perto brejos e iguarias de brejos
É preciso que haja insetos para os passarinhos.
Insetos de pau sobretudo que são os mais palatáveis.
A presença de libélulas seria uma boa.
O azul é muito importante na vida dos passarinhos
Porque os passarinhos precisam antes de belos ser eternos.
Eternos que nem uma fuga de Bach."
_______Manoel de Barros (Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo)
domingo, 9 de maio de 2010
Deus justo um pássaro
às vezes chego achar que Deus é um pássaro
a nos aconchegar com preciosas asas
emanando um absurdo vento
a refrescar a cansada fronte
como imaginar Deus justo um pássaro
derramando extensa liberdade
quando recorro as memórias primeiras
vejo escuto apenas correntes
será que não passa essa vontade de finitude
na mais delicada flor, na mais terna gota de orvalho
será que Deus justo um pássaro
esteve a nos abrigar e soprou esse sonho de liberdade...
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
enquanto a noite
enquanto segue a noite
durmo tranquilo
embaixo de uma árvore frondosa
enquanto insiste a noite
vago absurdo por entre lembranças desavisadas
em meio ao latejar morno
diante do céu de nenhuma estrela
enquanto insinua a noite
fico prostrado
esperando não sei o que
de onde não se escuta
intermitentes gritos roucos
enquanto destaca a noite
suas mumunhas em desacordo
figuras descompromissadas
entrechoque acidental
enquanto finda a noite
fico a espreita esperando
uma gota de sereno orvalhante
uma brisa restauradora
um raio de sol que possa me reanimar
durmo tranquilo
embaixo de uma árvore frondosa
enquanto insiste a noite
vago absurdo por entre lembranças desavisadas
em meio ao latejar morno
diante do céu de nenhuma estrela
enquanto insinua a noite
fico prostrado
esperando não sei o que
de onde não se escuta
intermitentes gritos roucos
enquanto destaca a noite
suas mumunhas em desacordo
figuras descompromissadas
entrechoque acidental
enquanto finda a noite
fico a espreita esperando
uma gota de sereno orvalhante
uma brisa restauradora
um raio de sol que possa me reanimar
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Caravana - Geraldo Azevedo e Alceu Valença
Corra não pare, não pense demais
Repare essas velas no cais
Que a vida cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol
Degelou teus olhos tão sós
Num mar de água clara
Repare essas velas no cais
Que a vida cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol
Degelou teus olhos tão sós
Num mar de água clara
domingo, 22 de junho de 2008
trecho do poema A Terra Desolada de T. S. Eliot
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o
canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o
canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.
terça-feira, 22 de abril de 2008
clepsidra
temo que as horas passem
gastas, imóveis, sem sentir
em medir, um despropósito
basta olhar para perceber
a pulsação das passagens findas
de antemão, a febre o feito
arrastando-se escorrendo
cada um a seu termo...
gastas, imóveis, sem sentir
em medir, um despropósito
basta olhar para perceber
a pulsação das passagens findas
de antemão, a febre o feito
arrastando-se escorrendo
cada um a seu termo...
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