sexta-feira, 6 de abril de 2007

Diverso - segundo o dicionário Houaiss

Acepções

adjetivo
1 que não é igual; dessemelhante, diferente, distinto Ex.: este exemplo é d. do anterior

2 que apresenta variedade; diversificado, diferente, variado Ex.: vendem-se artigos d.

3 com alterações, mudanças Ex.: esta cidade está d. da que eu conheci

4 que diverge; discordante Ex.: eles têm opiniões d. a respeito de privatização

5 que mostra várias facetas ou características; vário Ex.: a produção deste artista é muito d.

diversos
■ pronome indefinido plural

6 pronome indefinido que substitui ou indetermina um substantivo, quando a ele anteposto, indicando pluralidade, mas não totalidade; alguns, vários, muitos

Obs.: cf. gram/uso a seguir
Ex.:

Etimologia - lat. diversus,a,um 'apartado, afastado' p.ext. 'oposto, adverso', part.pas. de divertère 'ir-se embora, afastar-se, separar-se, ausentar-se'; ver ver(t/s)-; f.hist. sXIV diverso, sXIV diuersso, sXV diversso

Antônimo - concordante

Antonio de Paula


Antonio de Paula morreu aos 81 anos, vítima de infarto do miocárdio na Santa de Casa de Misericórdia de Jaú, no dia 04/04/2007.

Sua trajetória de menino pobre começou nas fazendas no entorno de Jaú. Não possuía em sua infância e juventude nem calçados e nem agasalhos. Enfrentava o frio, andando a cavalo no sol. Sua história se confunde como de muitos. Adquiriu o apelido de "carrasco" por seu estilo nada convencional de tratar o oponente nos "campos de bola" das inúmeras fazendas de Jaú. Dessa época levou o apelido e esse pulso firme de encarar a vida, as agruras, os adversários.
Foi administrador de diversas fazendas, entre elas a Fazenda Santa Eudóxia, todos que presenciaram seu trabalho, diziam, esta fazenda é um " brinco". Administrador capaz, batalhador, dedicado ao seu ofício. Muitos anos se passaram. Antonio de Paula como muitos veio para a cidade. Passou por várias ocupações até atingir a de chefe das estradas vicinais do município. Por intermédio de seu filho mais velho, Carlito, adentrou ao mundo da política local. Em sua primeira disputa eleitoral no final da década de 60, alçou-se suplente de vereador. Do afastamento do titular, tornou-se vereador em exercício. Polêmico, levantou questões vitais para o município. Forte oponente, rápido de raciocínio, parecia talhado para o cargo. Como outros rompeu o comum da política jauense e suas famílias tradicionais. Nas duas legislaturas seguintes foi eleito vereador e deixou marcas de sua passagem pela vereança, como a polêmica entorno da eleição à presidência da Câmara em 1973. Seu Antonio, era da época dura do regime militar, havia duas fortes correntes políticas no embate : Arena 1 e Arena 2 e o MDB tinha um fraca atuação.
Por anos seguidos seu Antonio de Paula foi uma liderança política importante. Mesmo não se elegendo para um quarto mandato, muitos políticos foram lançados e beberam na fonte e partilharam seu capital eleitoral. Era constantemente visitado por diferentes políticos das mais diversas correntes, para se aconselharem, para apoio, para traçarem rumos. Afinal, a política é feita intracorporis, pensada, articulada. Cenas se repetiriam no passeio da casa da avenida Frederico Ozanan(avenida do cemitério) número 805. Logo mais estaria aposentado por invalidez de seus serviços prestados à municipalidade.
Para os atuantes na política era muito bom serem vistos nessas ocasiões junto ao Antonio de Paula. Inúmeras são as recordações de seus familiares. Seu Antonio de Paula, havia adquirido muitos inimigos, porém, muitos admiradores.
Os anos se passaram, o Brasil passou do regime militar à Redemocratização. Os tempos eram outros, ou melhor, muitos se esforçavam para o novo cenário. Antonio de Paula conhecia os meandros da política, sabia de causa própria. Conseguia apesar de nenhum estudo fazer uma análise política adequada. Não se perdia embalado em afetos, paixões e interesses. Não quis o exercício do poder pelo poder. Um homem público. Não era santo, nunca foi, era Homem.
De menino pobre, continuou assim, não se deixou perder pelo encanto fácil da aquisição material e patrimonial, tão comum nesse meio. Criou seus seis filhos de dois casamentos e vários netos. Era sempre referência, para os seus familiares em todos os sentidos, para os cidadãos que muitas vezes depositaram sua representação e esperança em votos, para a classe política que admirava e entendia sua independência, mesmo em época difícil como nos chamados "anos de chumbo".
Fez várias recomendações aos familiares, que fosse velado na Câmara Municipal de Jaú, local onde tanto batalhou, com seu terno que encomendou, que descansasse em um jázigo com suas duas esposas e familiares mais próximos, com seu crucifixo que carregou a vida toda.
Sua vontade foi atendida, por seu velório passaram os parentes, os amigos, seus velhos eleitores e gente próxima e anônima. Os políticos que tanto se aproveitaram de seus conselhos e sua experiência, poucos tiveram a coragem de prestar uma última homenagem. Poucos. Talvez, por enxergarem em seu Antonio, um desprendimento em desuso, que não cabe mais exaltar, não vem ao caso. Não foi reconhecido seu valor, muitos passaram apressados e outros nem mesmo se aventuraram, não se deram o trabalho de rezarem um pai nosso junto ao corpo, cumprimentarem os familiares, prestarem essa solidariedade. Nem mesmo o corpo de vereadores da atualidade esteve presente, não se reuniram para uma última homenagem a um dos seus. Pobre país, por tratar com indiferença, imagine o anônimo, sem voz, sem vez, sem nada. Sua voz finalmente se calou, voltou a ser anônima.
Seu Antonio terminou seus dias com um marcopasso, com uma infecção generalizada, com uma pneumonia, com um câncer no estômago, que escondeu de seus familiares por vários anos. Prudentemente esquecido das "coisas" atuais, lembrou-se muito da infância, de seus pais, de seus irmãos. Uma benção, como dizemos, nós os caipiras.
Sua história foi mantida, sua memória permanecerá, sua razão teve um início, um meio, jamais um fim. De um anônimo que se arriscou na política, deixou sua marca. Mesmo, que muitos não queiram exaltar e reconhecer.