sábado, 31 de março de 2007

ligeiro sentido de nós mesmos

saído do forno, quentinho, aprecie sem moderação, sem engasgar, porque alguns são estranhos, não querem parar, apenas descartam aquilo que querem continuar, vou navegando por águas agitadas, nunca mais verei tal porto, recobrir de desgosto essas retinas tão fatigadas, serei breve serei eu mesmo, um ponto de encontro entre um e nenhum, caso não queira, a viagem é ligeira, a companhia é ruim, só cabe mais um, sentir, bramir e ficar, sendo a pé, a cavalo, cortando ribanceiras, voa desejos, escurece e amanhece, é assim mesmo, um olhar quem dera, um inverno que passou, não mais seremos nós mesmos, já que a vida imita a arte, iremos sorrateiros, de pulo em pulo, até achar um contra-chão, silvos, sibilição, apenas um frêmito mais do que a pressa anuncia, somos fadados a permanecer encarcerados em nós mesmos, em teias provocadas, sem perceber, personagens de nós mesmos...

Paulo Guerra

frêmito açodado

tenho cá comigo
preciso dizer
aquilo que há muito
não faz sentido
ponto estranho
alguns significados
signo trocado
suspenso entusiasmo
secreto desgosto
poderia dizer entre a gente
que tocou
chegou sem ser anunciado
um mero palavreado
sinal que esgotou
rompeu barreira
acovardou-se
mirou pasmado
onde anda apressado
esse rapaz
que há muito não aparecia
acobertou-se
construiu sólido
ficou estancado
escandira-se
desanimou
viu o horizonte
achou que era perto
assoberbou-se
perseguindo delongas
situou-se fora do tempo
interrompeu o fluxo
percebeu que era ali mesmo
ali na encruzilhada
do bem com o mal
nunca existira
somente o vulto
um solilóquio
entre eu e você

Paulo Guerra

quarta-feira, 7 de março de 2007

Sentido: Escola de Atenas

Sentido: Escola de Atenas

http://www.dm.ufscar.br/hp/hp902/hp902001/hp902001.html

Platão e Aristóteles


No centro da Escola de Atenas destaca-se Platão (427-347 a.C.), segurando sua obra Timaeus, e apontando sua mão direita para cima. Platão era o líder da Academia de Atenas, que congregava os maiores filósofos e matemáticos de seu tempo. Platão não era propriamente um matemático, muito embora seu nome esteja ligado aos chamados sólidos de Platão. Entretanto teve um papel importante na história da Matemática como inspirador e guia, e por ter contribuído para que a Matemática se tornasse parte essencial do currículo para a educação dos jovens. Seu discípulo Eudoxus de Cnido (408-355 a.C.) tornou-se o mais célebre matemático e astrônomo de seu tempo.
Também no centro da Escola de Atenas, ao lado esquerdo de Platão e portando sua obra Ética, está Aristóteles, seu discípulo, e que viveu até 322 a.C. Considerado mais um filósofo e um biólogo, estava entretanto a par do desenvolvimento da Matemática de seu tempo. Contribuiu com a Matemática através de seus estudos sobre os indivisíveis, o infinito e os paradoxos de Zeno. Também analisou o papel das definições e hipóteses na Matemática, inserindo-as no contexto mais geral da lógica, da qual é considerado fundador.

Escola de Atenas - Rafael Sanzio

Escola de Atenas

O artista renascentista italiano Rafael Sanzio (1483-1520) foi discípulo de Perugino e contemporâneo de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Fra Bartolommeo. O afresco Escola de Atenas é uma das suas mais admiradas obras, pintado a pedido do Papa Júlio II, no salão de sua biblioteca particular, no Vaticano. Na Escola de Atenas Rafael dispôs figuras de sábios de diferentes épocas como se fossem colegas de uma mesma academia. Na composição dos personagens destaca-se Platão, segurando sua obra Timaeus, e apontando sua mão direita para cima, talvez referindo-se às causas de todas as coisas. Segundo Fowler, o título original do afresco era Causarum Cognitio, e somente após o século XVII passou-se a usar o nome popular Escola de Atenas.
Roberto Ribeiro Paterlini e Yolanda Kioko Saito Furuya

segunda-feira, 5 de março de 2007

tetrapharmakon - Epicuro

[...] a sociedade do tempo de Epicuro era uma sociedade doente.Os homens acreditavam que era preciso muito dinheiro, luxúria e fama para alguém poder ser feliz. O medo da morte e do sofrimento estava plantado em seus corações.Toda a miséria humana era causada pelas falsas crenças e pelos desejos sem limites,que nelas eram fundados. Epicuro partia da pressuposição de que a sociedade humana era corrompida e era sua influência que corrompia os homens e os fazia miseráveis.
As crenças que mais faziam os homens infelizes eram o medo dos deuses, o medo do sofrimento e o medo da morte. Para curá-los dessas crenças, o filósofo dispunha de um tetrajarμakon (tetrapharmakon), ou seja, de um quádruploremédio: não há nada a temer quanto aos deuses, não há nada a temer quanto à morte, a dor é suportável e a felicidade está ao alcance de todos.

1. Não se deve temer os deuses, porque eles não se ocupam nem se preocupam com os homens, como imagina o povo, nem são os artífices do mundo como pensam os filósofos. Eles existem porque a natureza imprimiu suas pré-noções e imagens (proleyeiV) em nossas almas, mas eles não são como nós os representamos ou imaginamos. Por isso, não se deve temê-los e muito menos temer seus castigos.

2. Não se deve temer a morte, porque nada mais absurdo do que o medo da morte, uma vez que ela não é outra coisa senão uma instantânea dissolução dos átomos que constituem nosso ser e isto é inteiramente insensível. O que amedronta os mortais é imaginar a passagem da vida para a morte, mas essa passagem não tem sentido, pois não existe um além-da-morte. Esta acontece num instante, e, nesse instante, a vida termina e nada mais se pode sentir. Inútil, pois, a preocupação com a morte: “enquanto somos, ela não existe, e quando ela chegar, nós nada mais seremos”.

3. A dor pode ser suportada. O grande mal que ameaça a existência dos mortais é indiscutivelmente a dor, pois a aponia (ausência de dor) é o segredo da felicidade. Mas Epicuro acredita que se pode facilmente desprezar esta ameaça, porque os sofrimentos mais intensos têm breve duração e, se persistem por muito tempo, causam a morte. Ora, como já foi dito, da morte nada há que se temer. Quanto aos pequenos sofrimentos, esses são facilmente suportáveis.

4. Pode-se alcançar a felicidade, porque o prazer quando buscado corretamente está à disposição de todos.

Zeferino Rocha

dubioacervo

subverta o tédio entediando-se,
rompa o silêncio calando-se,
transpondo os problemas com nós existenciais,
cultue os sete pecados capitais,
desfigure e descaracterize o inimigo,
incite os descaminhos em caminhos cambiantes,
vou continuar sugerindo,
advogue em causa própria,
desfaça o bom mocismo,
empalideça o sem vergonha,
amenize sua culpa,
apeteça-se na vingança,
desabroche os desejos recônditos,
usurpar, transgredir e maldizer,
abra a caixinha de maldades
e coloque seu fígado para o abutre comer,
não siga o exemplo,
acerte o alvo, pelo menos uma vez...

Paulo Guerra